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Portal da Mulher - TJSE

Grupos reflexivos: TJSE realiza terceira capacitação para psicólogos e assistentes sociais que atuam nos municípios

29-04-24

Teve início, hoje, dia 29/04, o curso de capacitação para profissionais da rede de proteção à mulher que poderão atuar nos grupos reflexivos no atendimento aos homens autores de violência doméstica. Esta é a terceira edição da capacitação que tem a iniciativa da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) e da Escola Judicial de Sergipe (Ejuse). O objetivo é disseminar a metodologia dos grupos reflexivos e implantá-los nos municípios do interior do Estado, a fim de fortalecer a política judiciária prevista no artigo 35 da Lei Maria da Penha.

"Os grupos reflexivos são de suma importância para o combate à violência doméstica no nosso Estado. Não adianta a gente cuidar só da mulher, a gente precisa também cuidar desse homem autor de violência doméstica, desconstruir esse homem e construir esse homem de uma maneira mais doce, mais gentil, com uma comunicação menos violenta. E o único caminho para isso é por meio do grupo reflexivo. Então, o Tribunal de Justiça de Sergipe está fazendo o terceiro treinamento, capacitando os profissionais que atuam no atendimento psicossocial no interior do Estado para que a gente amplie a implementação, não apenas dos Crams, mas dos grupos reflexivos", ressaltou a juíza coordenadora da Mulher, Jumara Porto.

Foram destinadas 40 vagas para os psicólogos e assistentes sociais que atuam em serviços de proteção à mulher. O curso, que continua amanhã, dia 30/04 e prossegue nos dias 6 e 7/05, é ministrado pelo professor João Paulo Machado Feitoza, doutorando em Psicologia pela UFS (2023) e com cursos de formação em terapia cognitiva pelo Beck Institute/EUA (2015-2017).

“Extremamente importante porque não existe o combate à violência contra a mulher fazendo apenas o acolhimento das pessoas que foram vitimadas. Uma das frentes é trabalhar com a pessoa que é acusada, o autor da violência doméstica, para que ele possa compreender o que é a violência doméstica e assim desenvolver competências para que ele não propague a violência e ajude também no processo de combate", explicou o professor João Paulo.

A capacitação aborda temas relacionados à violência de gênero, o uso dos grupos reflexivos como estratégias de promoção, prevenção e reabilitação de autores de violência. O psicólogo João Paulo Feitoza, facilitador do curso, traz a metodologia do acolhimento desenvolvida no projeto de extensão “Viver Melhor”.

“É muito difícil esse exercício do acolhimento, especialmente porque a gente tem os estereótipos, as pessoas que se referem às pessoas que cometem violência como o agressor e isso dificulta muito o processo de fazê-lo entender o que precisa ser feito do ponto de vista de mudança do comportamento. Daí o primeiro exercício é acolher, escutar a história dele, entender como ele pensa, porque que isso aconteceu e a partir daí a gente vai oferecer para ele várias formas de entender o problema para que ele possa nos ajudar nesse combate à violência contra a mulher", acrescentou o professor.

Em 2015, por iniciativa da Coordenadoria da Mulher do TJSE, os grupos reflexivos para homens autores de violência doméstica começaram a ser realizados em Sergipe. Desde então, cerca de 500 homens foram encaminhados pelo Poder Judiciário para os grupos. Pesquisas revelam que, em média, apenas 2% dos homens que participam de grupos reflexivos voltam a cometer violência doméstica contra a mulher.

O primeiro grupo reflexivo aconteceu em Aracaju, resultado do Viver Família, uma parceria da Coordenadoria da Mulher e Faculdade Estácio, que até hoje continua com o projeto. Este ano, em março, o TJSE também firmou um termo de cooperação com a Profint – Profissionais Liberais para a realização de grupos reflexivos. No interior, os grupos reflexivos já acontecem nos municípios de Arauá, Barra dos Coqueiros, Cristinápolis, Estância, Lagarto, Malhador, Moita Bonita, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora do Socorro, Japoatã e Pacatuba.

Karen Belfort é psicóloga e trabalha na Central Integrada de Alternativas Penais (CIAP), em Nossa Senhora do Socorro, unidade que oferta, desde 2020, o atendimento aos homens autores de violência encaminhados pelo Poder Judiciário, por meio dos grupos reflexivos. Karen começou a atuar na CIAP em 2023 e não tinha passado por uma capacitação anterior.

“Eu não tive a oportunidade de ser capacitada ainda, por isso estou aqui hoje para aprender mais porque acredito que todos os profissionais que atuam ou desejam atuar nesta área da violência doméstica devem ser capacitados. Muitos Municípios já ofertam serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência, mas com relação aos homens autores de violência não há um encaminhamento adequado, então, esta capacitação é extremamente importante para que a gente, enquanto condutor desse grupo, enquanto facilitador desse grupo, conduza estes homens para que eles aprendam a serem sujeitos melhores, sujeitos ressocializados, que tratem melhor as mulheres e não apenas nos relacionamentos afetivos, mas nos relacionamento familiares, suas mães, suas filhas, suas irmãs, e assim, possa haver melhores relacionamentos na nossa sociedade", destacou a psicóloga.

 

Matéria/Texto: Dircom