No segundo dia de programação da Semana da Justiça pela Paz em Casa (22/11), a Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) promoveu um diálogo com líderes religiosos sobre o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher
No encontro, que ocorreu no auditório da Escola Judicial de Sergipe (Ejuse), a Juíza Rosa Geane Nascimento, Coordenadora da Mulher, falou como pode ser a atuação das instituições religiosas no combate à violência e no acolhimento às mulheres em situação de violência, um panorama geral sobre a situação da vítima e também do agressor.
"A violência doméstica acontece em todos os lugares, em casa, nas igrejas, nas escolas, então é importante que os líderes religiosos apurem o olhar para perceber as situações de violência e possam ajudar essa mulher fazendo encaminhamento para rede e para o próprio Judiciário. Então a finalidade deste encontro é mostrar como funciona o serviço e o atendimento em rede, como a gente recebe essa mulher e como detectar que essa mulher está sofrendo violência doméstica. Também falamos sobre como agir com os autores da violência, porque nós temos vários serviços voltados para esses homens aqui em Sergipe, a exemplo dos grupos reflexivos, nos quais eles são encaminhados para o poder público para o tratamento psicológico. Enfim, apresentamos quais são as alternativas de responsabilização desses autores e o encaminhamento para rede, cursos empregabilidade, tratamento de alcoolismo e drogas", informou a magistrado. Acrescentou que a interlocução com os religosos já ocorreu em outros encontros. "No entanto, a bem-vinda parceria com o Instituto Àgatha e a Procuradoria da Alese reforça muito essa ação, pois é a parceria do Poder Judiciário com o Legislativo e a sociedade civil. Essa conversa foi muito enriquecedora e produtiva. Dela teremos excelentes resultados e parcerias a começar pela adesão à Campanha do Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica. O Legislativo estadual já aderiu e hoje foi a adesão do Instituto Ágatha. Os religiosos também demostraram hoje interesse na adesão. Vamos marcar uma data para essa adesão", explicou a juíza coordenadora.
A Coordenadoria da Mulher, por intermédio da Juíza Coordenadora Rosa Geane Nascimento, da Psicóloga Sabrina Duarte e da Assistente Social Shirley Leite, fez a apresentação dos projetos e ações desenvolvidos para acolher a vítima e educar e reabitar os autores de violência e falou sobre os tipos e as formas de violência doméstica, bem como sobre o ciclo da violência e os sinais de sua existência e de como fazer os encaminhamentos da mulher e dos autores de violência doméstica.
O Presidente da Federação Espírita Sergipana Júlio César Freitas Góis avaliou a iniciativa como oportunidade de desmistificar conceitos errôneos e promover a paz nos lares. "Essa questão da submissão que vem na escrita bíblica geralmente é colocada de forma errônea, o que leva a muitas situações de violência nos lares. Justamente por isso que os líderes religiosos precisam ter muito cuidado, ter conhecimento do assunto, da Lei Maria da Penha para que eles possam orientar na hora de uma missa, do culto da sua religião, seja qual for a crença, eles possam realmente explicar da forma correta essa questão da submissão, porque um lar com violência é um lugar doente. Não existe violência em nome de Deus, porque Deus é amor, então que os líderes comunitários tenham a consciência de passar essa mensagem na sua congregação com seus seguidores", afirmou.
Foram convidados, representantes de entidades religiosas, como católicos, evangélicos, espíritas, religiões de matriz afro. O Instituto Social Ágatha e a Procuradoria da Mulher da Assembleia Legilativa de Sergipe (Alese) estiveram na roda de conversa.
"Essa parceria entre o TJSE e a Alese, vem do trabalho em rede porque a gente não trabalha sozinho. Encontros como esse são de suma importância na sociedade para o enfrentamento contra violência, porque eles são líderes dentro da sua comunidade e podem fazer esse acolhimento, ter uma ouvida mais ativa junto às mulheres para evitar o ciclo de violência. Geralmente as mulheres em situação de violência não relatam, não denunciam por medo da sociedade, por vergonha e, às vezes, muito medo do próprio líder religioso, então, esse evento é para orientar, para que possa ajudar as mulheres, não só as mulheres, como também orientar os homens para uma reflexão de que um lar saudável é um lar sem violência", acrescentou Patrícia dos Santos Erlichman, Coordenadora da Procuradoria Especial da Mulher da Alese.
"É muito importante essa participação da sociedade em encontros como esse, principalmente de representantes dos espaços onde essas mulheres são possíveis vítimas de violência doméstica e até de relacionamentos abusivo. Por isso que a gente, junto com o TJ, a Coordenadoria da Mulher e a Procuradoria Especial da Mulher, se juntou nesse tema para poder chamar as instituições porque elas têm duas ferramentas superimportantes para promover o acolhimento e a educação, uma vez que exercem influência sobre a vida daqueles que frequentam esses espaços de fé", destacou a Diretora do Instituto Ágatha, Talita Verônica da Silva.
Fonte/matéria: Dircom TJSE
Fotografias: Raphael Faria - Dicom TJSE